casos clínicos

Ducto Arterioso Persistente

Apresentação Clínica do Caso

Canídeo, SRD, fêmea, 6 meses de idade, não esterilizada, vacinada e desparasitada, vive dentro de casa, coabita com outro canídeo.
Ao longo das primeiras consultas, para realização do protocolo de vacinação, foram realizados exames físicos, nos quais, persistentemente, se auscultava um sopro cardíaco contínuo dorsal à base cardíaca. Pela natureza do sopro, o diagnóstico diferencial primário era uma doença cardíaca congénita. Por essa mesma razão, realizou-se uma ecocardiografia que confirmou a presença de um ducto arterioso persistente, mas sem sinais de remodelação cardíaca. A Black Board foi submetida a cirurgia para fecho do ducto arterioso persistente e, após a cirurgia, já não era audível qualquer sopro cardíaco. Foi medicada durante um mês com medicação cardíaca e, ao final desse tempo, realizou um controlo ecocardiográfico, na qual não havia qualquer alteração. A Black Board teve alta médica nesse dia.

Definição

O ducto arterioso persistente (DAP) é um defeito congénito, que resulta da não oclusão de uma estrutura embrionária entre a artéria aorta e artéria pulmonar. No feto, o ducto arterioso é uma estrutura embrionária que permite a passagem de sangue maternal oxigenado para a aorta fetal, enquanto os seus pulmões ainda não são funcionais. Logo após o parto, esta estrutura deve encerrar.

Sinais Clínicos

Na maioria dos casos, este problema é assintomático, sendo apenas detetado à exploração clínica pela presença de um sopro contínuo dorsal à base cardíaca. Em situações mais graves, ou descompensadas, pode ocorrer aumento da frequência respiratória em repouso e esforço inspiratório, entre outros sintomas, como: tosse, letargia e incapacidade de aumentar o peso.

Diagnóstico

Após auscultação de um sopro cardíaco, qualquer animal deverá realizar uma ecocardiografia. Este é o meio de diagnóstico complementar indicado para o diagnóstico desta patologia, permitindo classificar a severidade da persistência do ducto, tanto em tamanho como pela remodelação cardíaca que pode causar ao longo do tempo.

Tratamento

Atualmente, estão disponíveis duas abordagens para a resolução do ducto arterioso persistente:

  • Cirurgia via toracotomia
  • Oclusão por cateterismo.

A cirurgia consiste em encerrar o defeito congénito colocando ligaduras cirúrgicas no ducto arterioso, sendo necessário realizar toracotomia (abertura da cavidade torácica) para aceder ao coração. Esta abordagem é a mais indicada para ductos largos ou animais muito pequenos.

Por outro lado, a oclusão por cateterismo é menos invasiva e consiste na colocação de um dispositivo intravenoso para encerrar o defeito congénito.

No entanto, se for detetada outra doença congénita ou remodelação cardíaca severa com doença cardíaca congestiva, é necessário iniciar primeiro tratamento médico para estabilizar o animal.

O encerramento do ducto arterioso persistente é essencial e apresenta melhor prognóstico quando realizado antes de existir remodelação cardíaca ou no caso de não haver nenhum outro defeito congénito associado.

Bibliografia

  1. Smith JR F, Tilley L (2016) Manual of Canine and Feline Cardiology, 5th Ed, Elsevier, pp 221-226
  2. Saunder A, Gordon S (2014) “Long-Term Outcome in Dogs with Patent Ductus Arteriousus: 520 cases (1994-2009)”, J Vet Intern Medicine 28:401-410